quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Maria Galaktrophusa, Panagia Galaktotrophusa

Aparentemente, alguém de terras distantes chegou neste meu templo imaterial procurando informação sobre a palavra grega “Galaktrophusa” (doadora de leite), que aparece mencionada numa citação do post anterior.

Fiquei curioso e fui investigar um pouco mais sobre o vocábulo procurando por "Γαλακτροφουσα" e notei que há a forma alternativa bem mais comum galaktotrophusa Γαλακτοτροφούσα. A partir desta última achei este vídeo no You Tube sobre ícones ortodoxos gregos no qual aparece um ícone da Παναγία Γαλακτοτροφούσα Panagia Galaktotrophusa

Não sei se foi o hino Agni Parthene ou se apenas ando muito sentimental, mas fiquei emocionado.

Mãe de Deus, protege e ilumina a mim e a todos que amo e a todos que recorrem à tua misericórdia...

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No hino aparece a palavra Νύμφη (ninfa, noiva), que vale 998. E, se precedida pelo artigo definido H, 1006.

domingo, 20 de setembro de 2009

Do simbolismo do Leite

Lendo o livro sobre o Museu do Cairo da coleção da Folha de São Paulo, deparei-me na página 54 com este comentário que me fez lembrar de uma pessoa muito estimada...


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Maria Lactans (c.1630), por Guido Reni (1575-1642)


“Leite” é anagrama de “elite”.

Procurando entender o que certas circunstâncias podem significar.

Tudo tem o seu simbolismo e por isso fui ver nos meus dicionários favoritos qual a estrutura simbólica ligada à substância:

“LEITE Assim como a vaca, também o leite pertence às origens nos mitos cosmogônicos; segundo uma tradição indiana, o mundo era inicialmente um oceano láctico, do qual surgiram animais e seres humanos pela rotação do eixo terrestre. Como primeiro alimento do recém nascido, o leite em seu sentido significativo é ligado à água da vida. Antigos relevos egípcios mostram como o rei toma o leite no úbere da vaca celeste, i.e., adquire forças celestes. A associação de idéias leite-céu também é encontrada na palavra “via láctea” (gr. galaxias) e no antigo mito do leite derramado da divindade materna, no qual se baseia. Nos mistérios de Átis e Ísis, o copo de leite estendido ao iniciado simboliza o renascimento. Nos primórdios do cristianismo, o leite e o mel tinham o sentido de um medicamento da imortalidade (pharmakon athanasias). Em Ct 5,1 o leite no jardim do noivo celeste pertence à alimentação vital sobrenatural. Para os fiéis, “o leite manará das colinas” no final dos tempos (J1 4,18). Na Primeira Epístola de Pedro, o desejo por leite significa o desejo de salvação. Com base na glorificação dos seios de Maria (Lc 11,27), a Maria Galaktrophusa (gr. doadora de leite, lat. Maria lactans = Maria amamentadora) tornou-se motivo iconográfico difundido; representações barrocas mostram um jato de leite saindo do seu seio e caindo sobre um santo.[...]” Manfred Lurker, Dicionário de Simbologia, Martins Fontes, 1997, p.383-4

O Dicionário de Símbolos de Chevalier e Gheerbrant (p.543) acrescenta:

“(...)
A Vida primordial, e portanto eterna, e o Conhecimento supremo, e portanto potencial, são sempre aspectos simbólicos associados, ainda que não misturados. É bem o que sobressai das inúmeras citações ou referências que se poderiam reunir a respeito do leite.
(...)”

Leite (da cabra Amalteia) e mel (recolhido pela ninfa Melissa) também foram os alimentos do jovem Zeus refugiado no Monte Ida.


Em grego leite é gála (γάλα, 35) ou laktos (γάλακτος, 625) e em hebraico chalav (חלב, 40). Sonoridades semelhantes. E a raiz latina lact- parece vir da inversão.


quarta-feira, 9 de setembro de 2009

9/9/9, Dante Alighieri, nove, 999.

Em La Vita Nuova, Dante Alighieri, poeta supremo e um dos iniciados cristãos mais influentes, disserta sobre o número nove em relação à sua musa...

“Io dico che, secondo l'usanza d'Arabia, l'anima sua nobilissima si partio ne la prima ora del nono giorno del mese; e secondo l'usanza di Siria, ella si partio nel nono mese de l'anno, però che lo primo mese è ivi Tisirin primo, lo quale a noi è Ottobre; e secondo l'usanza nostra, ella si partio in quello anno de la nostra indizione, cioè de li anni Domini, in cui lo perfetto numero nove volte era compiuto in quello centinaio nel quale in questo mondo ella fue posta, ed ella fue de li cristiani del terzodecimo centinaio. Perché questo numero fosse in tanto amico di lei, questa potrebbe essere una ragione: con ciò sia cosa che, secondo Tolomeo e secondo la cristiana veritade, nove siano li cieli che si muovono, e, secondo comune oppinione astrologa, li detti cieli adoperino qua giuso secondo la loro abitudine insieme, questo numero fue amico di lei per dare ad intendere che ne la sua generazione tutti e nove li mobili cieli perfettissimamente s'aveano insieme. Questa è una ragione di ciò; ma più sottilmente pensando, e secondo la infallibile veritade, questo numero fue ella medesima; per similitudine dico, e ciò intendo così. Lo numero del tre è la radice del nove, però che, sanza numero altro alcuno, per se medesimo fa nove, sì come vedemo manifestamente che tre via tre fa nove. Dunque se lo tre è fattore per se medesimo del nove, e lo fattore per se medesimo de li miracoli è tre, cioè Padre e Figlio e Spirito Santo, li quali sono tre e uno, questa donna fue accompagnata da questo numero del nove a dare ad intendere ch'ella era uno nove, cioè uno miracolo, la cui radice, cioè del miracolo, è solamente la mirabile Trinitade. Forse ancora per più sottile persona si vederebbe in ciò più sottile ragione; ma questa è quella ch'io ne veggio, e che più mi piace.” Dante Alighieri, La Vita Nuova XXIX [ou XXX ]
[Segundo o costume da Arábia, a sua alma nobilíssima partiu na primeira hora do nono dia do mês; segundo o costume da Síria, partiu no nono mês do ano, por isso que o primeiro mês é, ali, Tixirim, o qual, para nós, é outubro; e, segundo o nosso costume, partiu no ano de nossa indicção, isto é, dos Anni Domini em que o número perfeito (10) se manifestara nove vezes durante o centenário no qual ela foi posta neste mundo, e ela foi cristã do décimo terceiro. Poderia haver uma razão por que esse número lhe foi tão favorável: como seja fato que, segundo Ptolomeu e a verdade cristã, são nove os céus que se movem, e, segundo a comum opinião astrológica, os ditos céus exercem sua influência cá embaixo segundo a sua conjunção, esse número lhe foi favorável para fazer compreender que, ao ser ela gerada, todos os nove céus móveis se combinavam perfeitissimamente. Essa é uma das razões; mas pensando mais sutilmente, e segundo a verdade infalível, ela mesma foi esse número; falo por semelhança e assim o entendo. O número três é a raiz de nove, porque, sem nenhum outro, por si mesmo produz nove, como vemos manifestamente que três vezes três são nove. Se, pois, três é por si mesmo fator de nove, e o fator dos milagres é, por si mesmo, três, isto é, Pai, Filho e Espírito Santo, os quais são três em um, essa mulher foi acompanhada por esse número nove para fazer compreender que ela era um nove, isto é, um milagre, cuja raiz, isto é, a do milagre, é somente a miraculosa Trindade. Pessoa mais sutil talvez encontrasse ainda mais sutil razão; essa é, porém, a que vejo e que mais me satisfaz.]
{Vida Nova, XXIX, trad. Paulo M Oliveira e Blasio Demétrio, em Os Pensadores: Tomás de Aquino, Dante, Duns Scot, Ockham, Abril Cultural, 1979, p. 179}

Na Cabala, expandindo o nome divino El Shaddai, אלף למד שין דלת יוד , obtém-se 999 (=111+74+360+434+20).

sábado, 5 de setembro de 2009

Compilação de curiosidades sobre o nome “Juliana”

“Não é sem razão que se podem lembrar, a propósito do simbolismo, as primeiras palavras do Evangelho de São João: "No princípio era o Verbo." O Verbo, o Logos, é ao mesmo tempo Pensamento e Palavra: em si, Ele é o Intelecto divino, o "lugar dos possíveis". Em relação a nós, Ele se manifesta e se exprime pela Criação, na qual se realizam, na existência atual, alguns desses possíveis que, enquanto essências, estão contidos Nele desde toda a eternidade. A Criação é obra do Verbo. Ele é também, por isso mesmo, sua manifestação, sua afirmação exterior. Por isso, o mundo é como uma linguagem divina àqueles que sabem compreendê-la: Caeli enarrant gloriam Dei (Sl 19,2). Desse modo, o filósofo Berkeley estava certo ao afirmar que o mundo é "a linguagem que o Espírito infinito fala aos espíritos finitos", todavia, não tinha razão ao acreditar que essa linguagem é apenas um conjunto de sinais arbitrários, já que, na realidade, nada existe de arbitrário, mesmo na linguagem humana, onde toda significação deve ter na origem seu fundamento em alguma conveniência ou harmonia natural entre o signo e a coisa significada. Por ter Adão recebido de Deus o conhecimento da natureza de todos os seres vivos é que pôde dar-lhes os nomes (Gênesis 2, 19-20). Todas as tradições antigas concordam ao ensinar que o verdadeiro nome de um ser estabelece uma unidade com sua natureza ou com sua própria essência.” René Guénon, “O Verbo como Símbolo”

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Algumas pessoas aparecem aqui – como seria de se esperar! – buscando informações sobre a origem e o significado do nome “Juliana”. E até agora, ó paradoxo, encontravam apenas sobre “Melissa” e “Débora”. (Em breve talvez escreva alguma coisa sobre “Carolina”...Alguma sugestão de algum outro nome bonito e importante de mulher?)

Mas fui por isso pesquisar e colecionei algumas curiosidades que deixo aqui para todas as Julianas e julianófilos.

Juliana é o feminino de Juliano, nome de origem romana que significa algo como “pertencente ou relativo a Júlio”. E o Júlio em questão é o grande Júlio César.
Júlio, por sua vez, dizem ser o nome relativo a uma família romana, derivado de um filho de Enéias, Julus, que teria ascendência divina e estaria ligado a Júpiter e/ou a Vênus.

Se alguém conhece outras teorias e informações sobre estes nomes e quiser dizer, agradeço.

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Várias santas cristãs se chamavam Juliana. Duas de destaque são Santa Juliana da Nicomédia, mártir do séc. IV, e Juliana de Norwich, uma escritora e mística do século XIV.
À primeira é dedicado um poema em inglês antigo do misterioso poeta Cynewulf.

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Notei em janeiro que “Juliana” em hebraico, יוליאנה, tem o mesmo valor numérico (112) e é formado quase pelas mesmas letras que o nome divino composto IHVH Elohim. Nome poderoso, portanto.
Coloquei no meme do yahoo um gif animado ilustrando dinamicamente a relação.

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Outro dia apareceu alguém procurando como se escreve Juliana em grego. Se olhou ali no lado, talvez tenha conseguido deduzir que é Ιουλιάνα (veja-se, por exemplo, o artigo sobre Juliana de Holanda na wikipedia em grego). O valor numérico é 572.

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Juju é um apelido comum para Julianas. Juju é também uma palavra africana de origem francesa relacionada ao poder sobrenatural atribuído a certos objetos, um tipo de brinquedo mágico.

Para alguém fascinado por todos os tipos de magia real e pela importância secreta das palavras e dos nomes, como eu, isso também significa muito.