Hoje alguém que foi muito importante para mim mas que eu não sei por onde anda há muito tempo está fazendo 30 anos; lendo a Orquídea Negra de Neil Gaiman e Dave McKean, conheci este poema de e.e. cummings que me parece apropriado deixar aqui em homenagem a ela.
Querida A., espero que você esteja bem e tenha conseguido superar tudo que havia de sombrio e negativo na sua vida e na sua alma. Ter conhecido você significou muito para mim. Eu nunca te esqueci e acho que nunca vou esquecer.
******
i thank You God for most this amazing
day:for the leaping greenly spirits of trees
and a blue true dream of sky; and for everything
which is natural which is infinite which is yes
(i who have died am alive again today,
and this is the sun's birthday; this is the birth
day of life and of love and wings: and of the gay
great happening illimitably earth)
how should tasting touching hearing seeing
breathing any--lifted from the no
of all nothing--human merely being
doubt unimaginable You?
(now the ears of my ears awake and
now the eyes of my eyes are opened)
[agradeço a Você, Deus, por este maravilhoso
dia: pelos espíritos verdejantes das árvores
e por um verdadeiro sonho azul de céu; e por tudo
que é natural, que é infinito, que é sim.
(eu, que morri, vivo hoje novamente,
e este é o aniversário do sol; este é o dia
do nascimento da vida e do amor e asas: e do alegre
grande acontecimento ilimitavelmente terra)
como deveria provando, tocando, ouvindo, vendo,
respirando qualquer – levantado do não,
de todo nada – humano meramente sendo
duvidar inimaginável Você?
(agora os ouvidos de meus ouvidos despertam e
agora os olhos de meus olhos são abertos)]
sábado, 28 de março de 2009
quinta-feira, 12 de março de 2009
The Nazz

“Seres humanos são enormes depósitos de energia, imensos reservatórios de força, a força vital, determinada a subjugar a matéria.” Colin Wilson
“Desejo de poder. Não há outra força física, dinâmica ou psíquica exceto esta. A essência mais íntima do ser é o desejo de poder. Prazer é cada aumento de poder. Desprazer é cada sentimento de ser incapaz de dominar.” Nietzsche
“Dissolva as modificações da mente e um poder infinito vai se desencadear em você.” Patanjali
Outra HQ que daria um belo filme é The Nazz (1990), de Tom Veitch e Bryan Talbot. Foi publicada pela editora Abril em 1992.
Acho que Veitch, que além de quadrinhista é escritor e poeta, não tem muitas HQs de destaque. A única outra dele que lembro já ter lido é A Guerra de Luz e Trevas, que é bastante inferior a esta The Nazz. Veitch também já escreveu HQs para o universo de Star Wars.
The Nazz é um Watchmen com explicação mística para os superpoderes do “super-homem”. (No caso de Watchmen, o único verdadeiro super-homem é o Dr. Manhattan, que tem origem num acidente de ficção científica).
Michael Nazareth, um escritor com nietzschiana sede de poder, vai ao Oriente e passa por um processo sanguinário de ascese. Quando volta, tendo adquirido poderes quase ilimitados, forma uma seita e acaba se tornando uma espécie de Anticristo cruel e obeso que almeja destruir o mundo...
Marcadores:
Colin Wilson,
Esoterismo,
Filosofia,
Histórias em Quadrinhos,
Nietzsche,
Patanjali
terça-feira, 10 de março de 2009
Impressões sobre Watchmen, o filme

Fui assistir a Watchmen na sexta-feira. Gostei muito. A despeito dos inevitáveis cortes e alterações na adaptação de uma maxissérie de quadrinhos para um filme, fica claro que a transposição fiel de muitas cenas é perfeitamente factível e proporciona resultados muito bons.
Há cerca de vinte anos, em 1989, eu estava lendo pela primeira vez a história, na primeira publicação dela pela editora Abril aqui no Brasil, em seis edições.
Na quinta-feira peguei a coleção e reli para poder aproveitar melhor o filme. Muito bom perceber que muitas das referências que na adolescência pouco ou nada significaram hoje são bem mais familiares. Para mim, Watchmen transcende o mundo marginal dos quadrinhos e é mesmo uma das grandes obras literárias do século XX, como já a classificou a revista Time.
Alan Moore não criou apenas um enredo envolvente mas todo um universo paralelo bastante verossímil.
Vale notar que a obra é da fase anterior ao envolvimento profundo do escritor inglês com a Magia e por isso não há nada (ou talvez quase nada) de sobrenatural na trama.
A história coloca uma série de questões filosóficas e metafísicas. O que é o tempo? Qual o valor da vida humana? Quantas vidas é legítimo sacrificar para tentar salvar a humanidade? O estupro tem perdão? Qual o significado da vingança? O que é justiça? Como se comportaria um quase-deus no nosso mundo? Fala da selvageria humana mas também da quase ilimitada capacidade de amar e perdoar. O mundo super-heroico de Moore não é maniqueísta, nenhum herói ou vilão é plenamente bom ou plenamente mau (exceto, talvez, o bandido que esquarteja uma menininha e a dá para os cães).
Os fãs mais radicais provavelmente criticarão muito as mudanças dispensáveis, mas creio que o filme consegue ser bastante fiel ao espírito e à forma da história original.
Um aspecto que me desagradou um pouco foi a violência estilizada e irrealista de algumas cenas (uma tendência contemporânea em voga desde Matrix eu suponho) mas isso não chega a comprometer em nada a diversão.
Os leitores atentos notarão também que a personalidade da Silk Spectre II, interpretada pela bela atriz sueco-canadense Malin Åkerman, foi um pouco suavizada para torná-la uma heroína mais “agradável” do que é na HQ.
Um destaque positivo é a interpretação do Rorschach por Jackie Earle Haley.
É de se esperar que a versão para DVD do filme, com todos os extras, será ainda mais próxima do que deve ser uma boa adaptação de um clássico das histórias em quadrinhos.
Marcadores:
Alan Moore,
Cinema,
Filmes,
Histórias em Quadrinhos
Assinar:
Postagens (Atom)