terça-feira, 10 de março de 2009

Impressões sobre Watchmen, o filme




Fui assistir a Watchmen na sexta-feira. Gostei muito. A despeito dos inevitáveis cortes e alterações na adaptação de uma maxissérie de quadrinhos para um filme, fica claro que a transposição fiel de muitas cenas é perfeitamente factível e proporciona resultados muito bons.

Há cerca de vinte anos, em 1989, eu estava lendo pela primeira vez a história, na primeira publicação dela pela editora Abril aqui no Brasil, em seis edições.

Na quinta-feira peguei a coleção e reli para poder aproveitar melhor o filme. Muito bom perceber que muitas das referências que na adolescência pouco ou nada significaram hoje são bem mais familiares. Para mim, Watchmen transcende o mundo marginal dos quadrinhos e é mesmo uma das grandes obras literárias do século XX, como já a classificou a revista Time.

Alan Moore não criou apenas um enredo envolvente mas todo um universo paralelo bastante verossímil.

Vale notar que a obra é da fase anterior ao envolvimento profundo do escritor inglês com a Magia e por isso não há nada (ou talvez quase nada) de sobrenatural na trama.

A história coloca uma série de questões filosóficas e metafísicas. O que é o tempo? Qual o valor da vida humana? Quantas vidas é legítimo sacrificar para tentar salvar a humanidade? O estupro tem perdão? Qual o significado da vingança? O que é justiça? Como se comportaria um quase-deus no nosso mundo? Fala da selvageria humana mas também da quase ilimitada capacidade de amar e perdoar. O mundo super-heroico de Moore não é maniqueísta, nenhum herói ou vilão é plenamente bom ou plenamente mau (exceto, talvez, o bandido que esquarteja uma menininha e a dá para os cães).

Os fãs mais radicais provavelmente criticarão muito as mudanças dispensáveis, mas creio que o filme consegue ser bastante fiel ao espírito e à forma da história original.

Um aspecto que me desagradou um pouco foi a violência estilizada e irrealista de algumas cenas (uma tendência contemporânea em voga desde Matrix eu suponho) mas isso não chega a comprometer em nada a diversão.

Os leitores atentos notarão também que a personalidade da Silk Spectre II, interpretada pela bela atriz sueco-canadense Malin Åkerman, foi um pouco suavizada para torná-la uma heroína mais “agradável” do que é na HQ.

Um destaque positivo é a interpretação do Rorschach por Jackie Earle Haley.

É de se esperar que a versão para DVD do filme, com todos os extras, será ainda mais próxima do que deve ser uma boa adaptação de um clássico das histórias em quadrinhos.

Um comentário:

  1. Olá Leroy,

    também já vi o filme, na quinta que estreou lá estava eu na primeira fila!!! Gostei da adaptação, acho que o tema não poderia estar mais actual, mas acho que há uma falha na caracterização das personagens. Isso que mencionou de que não há maniqueísmos é verdade na BD mas no filme isso não é assim tão evidente.

    Rorschach está sem dúvida fenomenal!!!

    Um abraço e obrigada pela dica do fantastic four, a ver se arranjo tempo para falar sobre isso no grimoire.

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