
Fui assistir a Watchmen na sexta-feira. Gostei muito. A despeito dos inevitáveis cortes e alterações na adaptação de uma maxissérie de quadrinhos para um filme, fica claro que a transposição fiel de muitas cenas é perfeitamente factível e proporciona resultados muito bons.
Há cerca de vinte anos, em 1989, eu estava lendo pela primeira vez a história, na primeira publicação dela pela editora Abril aqui no Brasil, em seis edições.
Na quinta-feira peguei a coleção e reli para poder aproveitar melhor o filme. Muito bom perceber que muitas das referências que na adolescência pouco ou nada significaram hoje são bem mais familiares. Para mim, Watchmen transcende o mundo marginal dos quadrinhos e é mesmo uma das grandes obras literárias do século XX, como já a classificou a revista Time.
Alan Moore não criou apenas um enredo envolvente mas todo um universo paralelo bastante verossímil.
Vale notar que a obra é da fase anterior ao envolvimento profundo do escritor inglês com a Magia e por isso não há nada (ou talvez quase nada) de sobrenatural na trama.
A história coloca uma série de questões filosóficas e metafísicas. O que é o tempo? Qual o valor da vida humana? Quantas vidas é legítimo sacrificar para tentar salvar a humanidade? O estupro tem perdão? Qual o significado da vingança? O que é justiça? Como se comportaria um quase-deus no nosso mundo? Fala da selvageria humana mas também da quase ilimitada capacidade de amar e perdoar. O mundo super-heroico de Moore não é maniqueísta, nenhum herói ou vilão é plenamente bom ou plenamente mau (exceto, talvez, o bandido que esquarteja uma menininha e a dá para os cães).
Os fãs mais radicais provavelmente criticarão muito as mudanças dispensáveis, mas creio que o filme consegue ser bastante fiel ao espírito e à forma da história original.
Um aspecto que me desagradou um pouco foi a violência estilizada e irrealista de algumas cenas (uma tendência contemporânea em voga desde Matrix eu suponho) mas isso não chega a comprometer em nada a diversão.
Os leitores atentos notarão também que a personalidade da Silk Spectre II, interpretada pela bela atriz sueco-canadense Malin Åkerman, foi um pouco suavizada para torná-la uma heroína mais “agradável” do que é na HQ.
Um destaque positivo é a interpretação do Rorschach por Jackie Earle Haley.
É de se esperar que a versão para DVD do filme, com todos os extras, será ainda mais próxima do que deve ser uma boa adaptação de um clássico das histórias em quadrinhos.
Olá Leroy,
ResponderExcluirtambém já vi o filme, na quinta que estreou lá estava eu na primeira fila!!! Gostei da adaptação, acho que o tema não poderia estar mais actual, mas acho que há uma falha na caracterização das personagens. Isso que mencionou de que não há maniqueísmos é verdade na BD mas no filme isso não é assim tão evidente.
Rorschach está sem dúvida fenomenal!!!
Um abraço e obrigada pela dica do fantastic four, a ver se arranjo tempo para falar sobre isso no grimoire.