segunda-feira, 23 de novembro de 2009

R.I.P.

Este blog está morto. Ou em coma.
Os posts que acho que podem ser eventualmente úteis para alguém ficam por aí indefinidamente.
Ou até que eu mude de ideia.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Mapa da Tessália


Uma das estrelas que estavam se formando no Twitter quando entrei, agora muito popular, é Tessália Serighelli de Castro, a @twittess

Tenho simpatia por ela. É uma pessoa cordial e ousada. Sempre a vi levar na esportiva ataques muitas vezes desnecessários, injustos e grosseiros dos pretensos “donos da Internet” que não gostam dela.

É uma jovem mãe batalhadora e vejo nisso uma admirável virtude de coragem.

Mas o que mais gosto nela é o nome...

Tessália (Θεσσαλία) é o nome da região da Grécia famosa por suas bruxas e um bom nome para bruxa (num sentido neutro e até positivo do termo). No universo do Sandman de Neil Gaiman há uma simpática feiticeira amoral chamada Thessaly.

Tessálias ou tessalianas são também aquelas que lá nascem.

Aquiles (Ἀχιλλεύς) era um herói tessálio quase invulnerável.

São bem conhecidos os versos do poeta português Gomes Leal:

“Bela! dizia eu, como uma Feiticeira
da Tessália, evocando a ensanguentada lua.”
(Gomes Leal, “Nevrose nocturna”)

Θεσσαλία vale 456.

A inicial do nome é T quando escrito com o alfabeto latino e a letra solar Θ quando escrito em grego.




Mapa da Tessália


Eu acho divertido tentar conhecer melhor as pessoas que considero importantes e interessantes analisando a configuração dos céus em que nasceram e outras estruturas simbólicas ligadas a elas. Às vezes tenho a impressão (ou a ilusão) de que algumas são maravilhosas.

Um dia também perguntei à @twittess a hora em que nasceu e tive a curiosidade de fazer o mapa natal dela, que é este aqui:

Mapa da Tessália
[Obs: muitas coisas, evidentemente, dependem da hora utilizada ser mais ou menos certa. Mas tudo me parece consistente.]

Ascendente Sagitário favorece uma imagem exterior alegre, agradável e espirituosa, vantajosa para educadores e pessoas que lidam com grandes públicos.

Planetas nos Signos

Sol em Áries dá personalidade forte e espírito empreendedor, ambição, força de vontade, teimosia, coragem e tenacidade.

Pessoalmente, eu vejo a jovem Tessália como uma espécie de “inovadora schumpeteriana” do Twitter, que usa as ferramentas disponíveis de uma forma nova e engenhosa, uma desbravadora que abre caminhos, como boa ariana, entrando nas coisas de cabeça e sem medo do que os outros vão pensar e dizer.

O símbolo do terceiro decanato de Áries: uma mulher jovem, sentada em um tamborete; representa a sutileza em todo gênero de trabalhos, a doçura, a graça, a alegria e a beleza; regido por Vênus. (Chevalier e Gheerbrant, Dicionário de Símbolos, p. 321)

Lua em Virgem, por outro lado, pode provocar sentimentos de insegurança, talvez em relação à beleza física, possivelmente em função de dois aspectos negativos que mencionarei abaixo.

Mercúrio em Peixes está no exílio e dá inteligência intuitiva e instintiva, voltada para o infinito e o universal. Imaginação fértil e tendência a devaneios e medos injustificados. Gentileza e bondade.

Vênus em Peixes inclina para o romantismo e o sentimentalismo.

Marte em Gêmeos proporciona gosto pela polêmica, espírito crítico e uso da ironia como meio de defesa. Perigo de tagarelice e dispersão.

Júpiter, regente do Ascendente, em Áries e em aspecto harmônico com o Ascendente (mais sobre isso a seguir) é muito positivo, estimulando a euforia, o otimismo, e o sentido criativo para obras e ações grandiosas.

Saturno em Sagitário dá originalidade, independência intelectual e o perigo de ser muito rigorosa às vezes.
Sagitário está relacionado às nádegas e às coxas. Saturno tem um lado maléfico e é possível que essa parte do corpo lhe seja em algum momento da vida fonte de incômodo.

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Planetas nas Casas

Ela tem os sete planetas tradicionais assim distribuídos nas casas :

I. Vita (É a casa do nascimento, que indica as particularidades, tendências, talentos e potencialidades.)
Saturno na casa I beneficia um caráter metódico e paciente, boa memória, capacidade de organização, perfeccionismo e senso de responsabilidade.

IV. Genitor (É a casa dos pais e das características herdadas do meio familiar e social.)
Vênus na casa IV é favorável para a felicidade, relações poderosas na vida sentimental e possível casamento vantajoso.

V. Filii (Esta casa está relacionada com os filhos, e em geral com o que o indivíduo produz, cria e engendra.)
Tessália tem Sol, Mercúrio e Júpiter nesta casa que é, portanto, predominante no seu mapa. Os filhos e tudo aquilo que ela cria são o mais importante para ela.

Sol na V faz com que o lúdico, os divertimentos e a educação dos filhos ocupem lugar importante em sua vida. E cria uma tendência para que ela seja um centro de atenções.

Mercúrio na V estimula a curiosidade a respeito de tudo e o bom relacionamento com os jovens. Gosto por jogos de caráter mercurial, onde a astúcia e a linguagem sejam relevantes.

Júpiter na V reforça o que foi dito para o Sol e adiciona sorte e respeitabilidade.

VI. Valetudo (Casa dos súditos, dos animais domésticos, do trabalho, dos deveres e das obrigações.)
Marte na VI sugere dinamismo, produtividade e eficiência no trabalho e no cotidiano. Possível afeição a animais bravos

X. Regnum, Honores (Relaciona-se com os objetivos, as dignidades e a glória, assim como com a profissão, as ambições e as recompensas.)
Lua na X sugere o auxílio de mulheres na obtenção de honras e dignidades e na ascensão profissional.

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Aspectos

Sol em trígono com Saturno é um aspecto positivo que beneficia especialmente o lado profissional, dando competência para realizar tarefas longas e delicadas e levá-las a bom termo.

Essa competência profissional é reforçada pelo Sol e Saturno ambos em trígono com o Meio-Céu em Leão. Indicador de grande sucesso profissional auxiliado por pessoas solares e pessoas mais velhas ou de grande sabedoria.

Marte em sextil com Mercúrio, está associado a pessoas atentas, antenadas, decididas e inteligentes. Um aspecto positivo bastante adequado para uma caçadora de tendências (cool hunter) e formadora de opinião.

Marte em sextil com Júpiter é um aspecto positivo que facilita a proteção por pessoas poderosas e inclina para a benevolência.

Mercúrio em oposição à Lua, aspecto negativo, dizem causar uma tendência à mendacidade e à fofoca, mas também à invenção inocente de histórias (bom para escritores...)

Saturno em quadratura com a Lua, aspecto tenso às vezes associado a dificuldades na vida amorosa ou no relacionamento com a família.

Aspectos levemente tensos entre Vênus e Saturno e Vênus e o Ascendente sugerem que ela se sente insegura quanto a sua beleza. Mas isso talvez acabe sendo um trunfo, na medida em que ela possivelmente compensa com simpatia a beleza que apenas pensa lhe faltar, encantando muitos assim. Para mim, é uma menina de beleza exótica (eu acho que ela está naturalmente muito bonita, por exemplo, nesta foto), que não vê a si mesma (ou pelo menos não se comporta) como “a última bolacha do pacote” e deriva daí um grande charme.

E Júpiter na casa V em harmonia perfeita com o Ascendente a faz objetivamente simpática e atraente para as pessoas mais jovens.

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Para tristeza de alguns que não gostam dela, acho que ainda ouviremos falar muito da bela e carismática caçadora. Eu faço parte do conjunto daqueles que torcem para que ela faça muito sucesso.

E se você também, quiçá depois deste cômico encômio, simpatizou com a Tessália e está no Orkut ou no Facebook, pode ajudá-la a vencer um concurso cultural (sic) da Revista Elle.

domingo, 25 de outubro de 2009

Tatian* e Sirius Alpha Beta


TATIANA, TATIANE e TATIANI são nomes interessantes porque podem ser escritos com as mesmas letras maiúsculas em português e em grego (T=tau, A=alfa, I=iota, N=nu, E=epsilon). Tipo IBM e NOKIA.

Os valores numéricos são, respectivamente, 663, 667 e 672.

Tatiana é o feminino de Tatianus, relativo ao clã romano Tatius, remontando ao rei sabino Titus Tatius e aos primeiros tempos de Roma.

Tatiane e Tatiani (provavelmente) são variantes de Tatiana.

[Dedico este post a uma conhecida de ascendência judaica chamada Tatiana. Ela é doutora em Ciência Ambiental e deve ser uma das pessoas mais inteligentes e/ou instruídas que conheci na vida... E também à espirituosa Tatiani ultrataurina que sigo no Twitter...]

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O número 667 é especialmente importante. No Cristianismo é associado à Virgem Maria (Παρθένος Μαρία, 515+152). E na tradição mágico-religiosa de Aleister Crowley, que é ou pelo menos parece ser a antítese do Cristianismo, é o número da Mulher Escarlate, η Κόκκινη Γυνή, a shakti da Besta na qual “todo poder é dado” (Liber Legis I:15; Alan Moore observa a coincidência numérica, se bem me lembro, num capítulo de Promethea).

Acho que 666 e 667 podem ter relação também com a importante estrela Sirius, a mais brilhante do céu noturno.

Em grego, Ο Σείριος vale 665. (Assim, com o artigo na frente, significando “o (astro) brilhante” ou “o abrasador”, a sonoridade lembra também o deus egípcio Osíris, Όσιρις).

Era uma estrela que tinha muita importância na ritualística do antigo Egito, possivelmente ainda viva em sociedades mais ou menos secretas como a Maçonaria.

Mas hoje sabe-se que é (pelo menos) uma estrela dupla. Há Sirius A e Sirius B. 666 e 667 então...

Tem ligação com caninos em muitas culturas. Na mitologia grega seriam os cães caçadores de Órion que foram elevados ao céu por Zeus. Uma de suas designações modernas é α Canis Majoris (α CMa).

Num texto sobre o chamado “fenômeno 23”, um conjunto de sincronicidades significativo para algumas pessoas, o agnóstico generalizado Robert Anton Wilson menciona sua suposta conexão (e de Crowley) com “inteligências” de Sirius.

Na Astrologia, Sirius parece ser tida como estrela fixa de influência predominantemente benéfica, jovial e marcial, mas que pode trazer perigos pela impetuosidade infundida àqueles que por ela são afetados.

Há também uma interminável controvérsia sobre um pretenso conhecimento profundo do funcionamento do sistema de Sirius na mitologia tradicional da tribo africana dos Dogon (é curioso que uma tribo ligada à estrela-cão tenha esse nome...)

No Alcorão a estrela é mencionada:
“É Ele que dá a riqueza e o contentamento
É o senhor do astro Sírio.”
(Alcorão 53:48-49, trad. Mansour Challita)
Creio que há alguma coisa importante nisso tudo. Mas não sei bem o que pode ser...

Representação artística de Ο Σείριος A (666) e Ο Σείριος B (667)

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Gatos

Sempre achei que existe algum tipo de superioridade nas pessoas que têm afinidade, consciente ou inconsciente, com gatos.

Em grego antigo gato é αἴλουρος (ailuros; daí, ailurofilia ou elurofilia é a amizade por gatos), que vale 881 como ἄριστος (aristos, o melhor).
Em grego moderno é γαλή ou γάτα.

Em hebraico é chatul (חתול) e vale 444 (meio Messias ou 2/3 da Besta).

No Islã, o profeta Muhammad (que a Paz esteja com ele) tinha muita consideração por uma gatinha de estimação chamada Muezza.

No mundo budista, o gato e a serpente são censurados por não terem se comovido com a morte de Buda, o que de um ponto de vista mais profundo expressa a sabedoria desses animais (Chevalier e Gheerbrant, Dicionário de Símbolos, p. 462)

No Egito antigo, entre outras coisas, o gato era utilizado para representar o deus solar Rá esmagando a maléfica serpente Apep, simbolismo baseado num tipo de gato selvagem que mata serpentes a patadas.


Havia também a deusa felina Bast (ou Bastet).
No início da carreira da repórter da rede Globo Elaine Bast, eu achava que ela tinha um rosto meio felino...

Não achei nada referente ao papel benéfico e positivo dos gatos no Cristianismo, mas para mim é notável que o arqui-inimigo do cristão às vezes seja chamado de “Cão”.
E também, enquanto inimigos dos ratos (seres noturnos, sujos, pestilentos, que habitam fétidos mundos inferiores e, portanto, que podem simbolizar os demônios), os gatos podem simbolizar os anjos.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

A beleza proverbial das mulheres gregas: Helena, Thaís e Laís

Afrodite, Helena, Eros e Menelau (Museu do Louvre)

Três nomes de mulher ligados a personagens do mundo grego antigo ainda muito populares hoje em dia são “Helena”, “Thaís” e “Laís”.

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Helena (Helen, Ellen, Ἑλένη) pertence principalmente ao domínio do mito e da lenda.

Filha de Zeus e Leda, a predileção de Páris pela beleza dela em detrimento dos prêmios oferecidos por Hera e Atena acabou sendo, possivelmente, a causa final da destruição de Tróia. Mas depois de toda a confusão, ela é vista feliz em Esparta na Odisseia.

As etimologias que me parecem mais razoáveis para o nome ligam-no à Lua (Σελήνη) ou ao vocábulo ἐλένη (tocha). Tem o valor numérico 98.

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A hetaira de grande beleza Thaïs (Θαΐς) foi uma personagem histórica do tempo de Alexandre o Grande. O seu feito mais memorável parece ter sido convencer Alexandre a queimar o palácio de Persépolis, talvez em vingança ao incêndio do templo de Atena por Xerxes.

O nome significa “bandagem”, “atadura” (algo que envolve...) e tem o valor numérico 220.

220 é um número muito interessante. É amigo de 284 e tem todo um simbolismo mágico ligado a ele. O meio assustador Liber Legis dos thelemitas tem 220 versículos e é chamado alternativamente Liber CCXX.
220 é também o número do meu nome favorito de Deus, Shaddai, quando transliterado para o grego, Σαδδαΐ.

Essa Thaís arquetípica inspirou muitas personagens literárias e houve também uma Santa Thaís que foi, segundo a lenda, uma cortesã arrependida que se tornou santa cristã.

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Helena e Thaís mostram que às vezes a beleza sedutora das mulheres é um dos motores da História.

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Laís (Λαΐς) foi o nome de duas cortesãs famosas da Grécia antiga, Laís de Corinto e Laís de Hyccara, cujas histórias muitas vezes se confundem.

Laís de Corinto floresceu na época da Guerra do Peloponeso e era tida como a mulher mais bonita de seu tempo.

A mais jovem, Laís de Hyccara, foi contemporânea e rival de outra hetaira de renome, Phryne (Φρύνη) e teria acabado de modo trágico na Tessália.

Fernando Pessoa traduziu de uma Antologia Grega em inglês de W.R.Paton esta poesia atribuída a Platão e dedicada a uma Laís:

“Eu, cuja beleza altiva sorriu-se da Grécia,
Laís, a cuja porta eram enxame os amantes,
O espelho em que me via, hoje a Afrodite dedico
Não quero ver-me qual sou, não posso ver-me qual fui.”

Acho que a decadência provocada pelo Tempo é mais dolorosa para as mulheres extraordinariamente bonitas.

O valor numérico de Λαΐς é 241.


quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Maria Galaktrophusa, Panagia Galaktotrophusa

Aparentemente, alguém de terras distantes chegou neste meu templo imaterial procurando informação sobre a palavra grega “Galaktrophusa” (doadora de leite), que aparece mencionada numa citação do post anterior.

Fiquei curioso e fui investigar um pouco mais sobre o vocábulo procurando por "Γαλακτροφουσα" e notei que há a forma alternativa bem mais comum galaktotrophusa Γαλακτοτροφούσα. A partir desta última achei este vídeo no You Tube sobre ícones ortodoxos gregos no qual aparece um ícone da Παναγία Γαλακτοτροφούσα Panagia Galaktotrophusa

Não sei se foi o hino Agni Parthene ou se apenas ando muito sentimental, mas fiquei emocionado.

Mãe de Deus, protege e ilumina a mim e a todos que amo e a todos que recorrem à tua misericórdia...

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No hino aparece a palavra Νύμφη (ninfa, noiva), que vale 998. E, se precedida pelo artigo definido H, 1006.

domingo, 20 de setembro de 2009

Do simbolismo do Leite

Lendo o livro sobre o Museu do Cairo da coleção da Folha de São Paulo, deparei-me na página 54 com este comentário que me fez lembrar de uma pessoa muito estimada...


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Maria Lactans (c.1630), por Guido Reni (1575-1642)


“Leite” é anagrama de “elite”.

Procurando entender o que certas circunstâncias podem significar.

Tudo tem o seu simbolismo e por isso fui ver nos meus dicionários favoritos qual a estrutura simbólica ligada à substância:

“LEITE Assim como a vaca, também o leite pertence às origens nos mitos cosmogônicos; segundo uma tradição indiana, o mundo era inicialmente um oceano láctico, do qual surgiram animais e seres humanos pela rotação do eixo terrestre. Como primeiro alimento do recém nascido, o leite em seu sentido significativo é ligado à água da vida. Antigos relevos egípcios mostram como o rei toma o leite no úbere da vaca celeste, i.e., adquire forças celestes. A associação de idéias leite-céu também é encontrada na palavra “via láctea” (gr. galaxias) e no antigo mito do leite derramado da divindade materna, no qual se baseia. Nos mistérios de Átis e Ísis, o copo de leite estendido ao iniciado simboliza o renascimento. Nos primórdios do cristianismo, o leite e o mel tinham o sentido de um medicamento da imortalidade (pharmakon athanasias). Em Ct 5,1 o leite no jardim do noivo celeste pertence à alimentação vital sobrenatural. Para os fiéis, “o leite manará das colinas” no final dos tempos (J1 4,18). Na Primeira Epístola de Pedro, o desejo por leite significa o desejo de salvação. Com base na glorificação dos seios de Maria (Lc 11,27), a Maria Galaktrophusa (gr. doadora de leite, lat. Maria lactans = Maria amamentadora) tornou-se motivo iconográfico difundido; representações barrocas mostram um jato de leite saindo do seu seio e caindo sobre um santo.[...]” Manfred Lurker, Dicionário de Simbologia, Martins Fontes, 1997, p.383-4

O Dicionário de Símbolos de Chevalier e Gheerbrant (p.543) acrescenta:

“(...)
A Vida primordial, e portanto eterna, e o Conhecimento supremo, e portanto potencial, são sempre aspectos simbólicos associados, ainda que não misturados. É bem o que sobressai das inúmeras citações ou referências que se poderiam reunir a respeito do leite.
(...)”

Leite (da cabra Amalteia) e mel (recolhido pela ninfa Melissa) também foram os alimentos do jovem Zeus refugiado no Monte Ida.


Em grego leite é gála (γάλα, 35) ou laktos (γάλακτος, 625) e em hebraico chalav (חלב, 40). Sonoridades semelhantes. E a raiz latina lact- parece vir da inversão.


quarta-feira, 9 de setembro de 2009

9/9/9, Dante Alighieri, nove, 999.

Em La Vita Nuova, Dante Alighieri, poeta supremo e um dos iniciados cristãos mais influentes, disserta sobre o número nove em relação à sua musa...

“Io dico che, secondo l'usanza d'Arabia, l'anima sua nobilissima si partio ne la prima ora del nono giorno del mese; e secondo l'usanza di Siria, ella si partio nel nono mese de l'anno, però che lo primo mese è ivi Tisirin primo, lo quale a noi è Ottobre; e secondo l'usanza nostra, ella si partio in quello anno de la nostra indizione, cioè de li anni Domini, in cui lo perfetto numero nove volte era compiuto in quello centinaio nel quale in questo mondo ella fue posta, ed ella fue de li cristiani del terzodecimo centinaio. Perché questo numero fosse in tanto amico di lei, questa potrebbe essere una ragione: con ciò sia cosa che, secondo Tolomeo e secondo la cristiana veritade, nove siano li cieli che si muovono, e, secondo comune oppinione astrologa, li detti cieli adoperino qua giuso secondo la loro abitudine insieme, questo numero fue amico di lei per dare ad intendere che ne la sua generazione tutti e nove li mobili cieli perfettissimamente s'aveano insieme. Questa è una ragione di ciò; ma più sottilmente pensando, e secondo la infallibile veritade, questo numero fue ella medesima; per similitudine dico, e ciò intendo così. Lo numero del tre è la radice del nove, però che, sanza numero altro alcuno, per se medesimo fa nove, sì come vedemo manifestamente che tre via tre fa nove. Dunque se lo tre è fattore per se medesimo del nove, e lo fattore per se medesimo de li miracoli è tre, cioè Padre e Figlio e Spirito Santo, li quali sono tre e uno, questa donna fue accompagnata da questo numero del nove a dare ad intendere ch'ella era uno nove, cioè uno miracolo, la cui radice, cioè del miracolo, è solamente la mirabile Trinitade. Forse ancora per più sottile persona si vederebbe in ciò più sottile ragione; ma questa è quella ch'io ne veggio, e che più mi piace.” Dante Alighieri, La Vita Nuova XXIX [ou XXX ]
[Segundo o costume da Arábia, a sua alma nobilíssima partiu na primeira hora do nono dia do mês; segundo o costume da Síria, partiu no nono mês do ano, por isso que o primeiro mês é, ali, Tixirim, o qual, para nós, é outubro; e, segundo o nosso costume, partiu no ano de nossa indicção, isto é, dos Anni Domini em que o número perfeito (10) se manifestara nove vezes durante o centenário no qual ela foi posta neste mundo, e ela foi cristã do décimo terceiro. Poderia haver uma razão por que esse número lhe foi tão favorável: como seja fato que, segundo Ptolomeu e a verdade cristã, são nove os céus que se movem, e, segundo a comum opinião astrológica, os ditos céus exercem sua influência cá embaixo segundo a sua conjunção, esse número lhe foi favorável para fazer compreender que, ao ser ela gerada, todos os nove céus móveis se combinavam perfeitissimamente. Essa é uma das razões; mas pensando mais sutilmente, e segundo a verdade infalível, ela mesma foi esse número; falo por semelhança e assim o entendo. O número três é a raiz de nove, porque, sem nenhum outro, por si mesmo produz nove, como vemos manifestamente que três vezes três são nove. Se, pois, três é por si mesmo fator de nove, e o fator dos milagres é, por si mesmo, três, isto é, Pai, Filho e Espírito Santo, os quais são três em um, essa mulher foi acompanhada por esse número nove para fazer compreender que ela era um nove, isto é, um milagre, cuja raiz, isto é, a do milagre, é somente a miraculosa Trindade. Pessoa mais sutil talvez encontrasse ainda mais sutil razão; essa é, porém, a que vejo e que mais me satisfaz.]
{Vida Nova, XXIX, trad. Paulo M Oliveira e Blasio Demétrio, em Os Pensadores: Tomás de Aquino, Dante, Duns Scot, Ockham, Abril Cultural, 1979, p. 179}

Na Cabala, expandindo o nome divino El Shaddai, אלף למד שין דלת יוד , obtém-se 999 (=111+74+360+434+20).

sábado, 5 de setembro de 2009

Compilação de curiosidades sobre o nome “Juliana”

“Não é sem razão que se podem lembrar, a propósito do simbolismo, as primeiras palavras do Evangelho de São João: "No princípio era o Verbo." O Verbo, o Logos, é ao mesmo tempo Pensamento e Palavra: em si, Ele é o Intelecto divino, o "lugar dos possíveis". Em relação a nós, Ele se manifesta e se exprime pela Criação, na qual se realizam, na existência atual, alguns desses possíveis que, enquanto essências, estão contidos Nele desde toda a eternidade. A Criação é obra do Verbo. Ele é também, por isso mesmo, sua manifestação, sua afirmação exterior. Por isso, o mundo é como uma linguagem divina àqueles que sabem compreendê-la: Caeli enarrant gloriam Dei (Sl 19,2). Desse modo, o filósofo Berkeley estava certo ao afirmar que o mundo é "a linguagem que o Espírito infinito fala aos espíritos finitos", todavia, não tinha razão ao acreditar que essa linguagem é apenas um conjunto de sinais arbitrários, já que, na realidade, nada existe de arbitrário, mesmo na linguagem humana, onde toda significação deve ter na origem seu fundamento em alguma conveniência ou harmonia natural entre o signo e a coisa significada. Por ter Adão recebido de Deus o conhecimento da natureza de todos os seres vivos é que pôde dar-lhes os nomes (Gênesis 2, 19-20). Todas as tradições antigas concordam ao ensinar que o verdadeiro nome de um ser estabelece uma unidade com sua natureza ou com sua própria essência.” René Guénon, “O Verbo como Símbolo”

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Algumas pessoas aparecem aqui – como seria de se esperar! – buscando informações sobre a origem e o significado do nome “Juliana”. E até agora, ó paradoxo, encontravam apenas sobre “Melissa” e “Débora”. (Em breve talvez escreva alguma coisa sobre “Carolina”...Alguma sugestão de algum outro nome bonito e importante de mulher?)

Mas fui por isso pesquisar e colecionei algumas curiosidades que deixo aqui para todas as Julianas e julianófilos.

Juliana é o feminino de Juliano, nome de origem romana que significa algo como “pertencente ou relativo a Júlio”. E o Júlio em questão é o grande Júlio César.
Júlio, por sua vez, dizem ser o nome relativo a uma família romana, derivado de um filho de Enéias, Julus, que teria ascendência divina e estaria ligado a Júpiter e/ou a Vênus.

Se alguém conhece outras teorias e informações sobre estes nomes e quiser dizer, agradeço.

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Várias santas cristãs se chamavam Juliana. Duas de destaque são Santa Juliana da Nicomédia, mártir do séc. IV, e Juliana de Norwich, uma escritora e mística do século XIV.
À primeira é dedicado um poema em inglês antigo do misterioso poeta Cynewulf.

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Notei em janeiro que “Juliana” em hebraico, יוליאנה, tem o mesmo valor numérico (112) e é formado quase pelas mesmas letras que o nome divino composto IHVH Elohim. Nome poderoso, portanto.
Coloquei no meme do yahoo um gif animado ilustrando dinamicamente a relação.

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Outro dia apareceu alguém procurando como se escreve Juliana em grego. Se olhou ali no lado, talvez tenha conseguido deduzir que é Ιουλιάνα (veja-se, por exemplo, o artigo sobre Juliana de Holanda na wikipedia em grego). O valor numérico é 572.

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Juju é um apelido comum para Julianas. Juju é também uma palavra africana de origem francesa relacionada ao poder sobrenatural atribuído a certos objetos, um tipo de brinquedo mágico.

Para alguém fascinado por todos os tipos de magia real e pela importância secreta das palavras e dos nomes, como eu, isso também significa muito.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Alef Mem Shin


Mencionei outro dia no twitter um trecho de Guénon que falava sobre aplicações terapêuticas das letras de línguas sagradas.
Depois lembrei-me deste interessante e possivelmente muito útil ensinamento do Rabino Kaplan:

“(...) Em termos elementares, Mem, Shin, Alef representam tese, antítese e síntese.
A analogia é a de uma balança. Há um prato de mérito e um prato de responsabilidade. Parece-se muito à balança empregada para pesar os méritos e pecados de alguém, mencionada no Talmud. No centro estão o fulcro e o fiel, ambos representados por Alef, que é a “língua do decreto”.
Estas letras também podem ser usadas em aplicações práticas. Se alguém deseja criar uma situação na qual ele mesmo ou outra pessoa tem que ficar do lado do mérito, pode fazê-lo utilizando a letra Mem (מ). (...)Do mesmo modo, se alguém deseja pôr um inimigo do lado da responsabilidade, de modo que seja julgado severamente nas alturas, pode utilizar a letra Shin (ש). Alef (א) é usada para que uma pessoa seja julgada equitativa e imparcialmente.
Estas qualidades também entram em jogo no uso popular. O zumbido que se faz ao pronunciar a letra Mem é comumente visto como alegria, prazer, atividade positiva. Reciprocamente, alguém chia para um vilão ou inimigo pronunciando a letra Shin.” Arieh Kaplan, Sêfer Ietsirá, p.122-3.

sábado, 25 de julho de 2009

Luz

A luz, na verdade,
e tudo que importa,
é onda e partícula.

domingo, 19 de julho de 2009

A semana planetária e tempos propícios segundo os cabalistas

“Debaxo deste grande Firmamento,
Vês o céu de Saturno, Deus antigo;
Júpiter logo faz o movimento,
E Marte abaxo, bélico inimigo;
O claro Olho do céu, no quarto assento,
E Vénus, que os amores traz consigo;
Mercúrio, de eloquência soberana;
Com três rostos, debaxo vai Diana.”
(Camões, Os Lusíadas, X.89)

Lendo este artigo interessante sobre a semana planetária, que dá uma explicação para a sequência específica dos planetas nos nomes dos dias (já se perguntou sobre isso?), lembrei-me de um comentário do rabino Aryeh Kaplan sobre o Sêfer Ietsirá, Astrologia e tempos favoráveis:

“Há um mandamento que diz: “Não se achará entre vós...quem calcula tempo (Meonen)” (Deuteronômio 18:10). No Talmud, segundo Rabi Akiva, esta proibição aplica-se especificamente àqueles que calculam tempos auspiciosos, e muitas autoridades aceitam esta opinião como consistente. Entretanto, esta frase unicamente significa que não se deve fazer da astrologia uma influência dominante na própria vida. Como se deduz de todos os comentários ao Sêfer Ietsirá, quando alguém está engajado nestas técnicas místicas esta proibição não é aplicável. Ver Tabela 37

Tabela 37. Conceitos e tempos favoráveis (de acordo com o Gra)

Sabedoria
Bet. Lua, olho direito, Chéssed, sul, branco;
Sábado à noite, 19-20h., 02-03h; Domingo 09-10h e 16-17h

Riqueza, Amor
Guímel, Marte, ouvido direito, Guevurá, norte, vermelho;
Domingo á noite, 19-20h., 02-03h; Segunda-feira, 09-10h e 16-17h.

Semente: filhos e coisas relativas a isso
Dalet, Sol, narina direita, Tiféret, leste, amarelo;
Segunda-feira à noite, meia-noite-01h; Terça-feira, 07-08h e 14-15h.

Vida. Saúde
Caf, Vênus, olho esquerdo, Nêtsach, acima, pálpebra superior;
Terça-feira à noite, 22-23h, 05-06h; Quarta-feira, meio-dia 01h.

Domínio, Avanço
Pê, Mercúrio, olho esquerdo, Hod, abaixo, pálpebra inferior;
Quarta-feira noite, 20-21h, 03-04h; Quinta-feira, 10-11h e 17-18h

Paz, interna e externa
Resh, Saturno, narina esquerda, Iessód, oeste, negro;
Quinta-feira à noite, 19-20h, 02-03h; Sexta-feira, 09-10h e 16-17h.

Graça, atração, melhoramento da personalidade
Tav, Júpiter, boca, Malchut, centro do ser (si mesmo), azul;
Sexta-feira à noite; meia-noite-01h; Sábado, 07-08h e 14-15h.
Tome cuidado para não violar o Shabat.”
(Aryeh Kaplan, Sêfer Ietsirá, p. 206)

Montando também a semana planetária numa tabela, fica mais ou menos assim:

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Anotações sobre Madonna e a Cabala

Madonna Campori, Antonio da Correggio (1489-1534)

[Este texto é dedicado a Juliana. Assim como Madonna, ela é uma leonina com Lua em Virgem.]

A Cabala, do jeito que eu a entendo, não é uma religião, é um sistema mágico-simbólico. Já foi (e ainda é) usado por gente tão antitética quanto cristãos e thelemitas. O cabalista cristão renascentista Pico della Mirandola dizia numa de suas 900 teses que lhe causaram muitos problemas:

9. Nulla est sciencia, que nos magis certificet de divinitate Cristi, quam magia et cabala.
(Nenhuma ciência nos certifica mais da divindade de Cristo do que a magia e a cabala)

Creio que o momento é oportuno para tentar falar um pouco da relação com a Cabala daquela que é possivelmente a mais bem-sucedida cabalista contemporânea em termos materiais (o que pode não querer dizer nada, é verdade) e como ela se reflete na sua produção artística.

Em setembro de 2001, a revista da Hebraica, um clube de São Paulo, publicou uma entrevista com Moshe Idel (professor da Universidade Hebraica de Jerusalém e um dos maiores estudiosos acadêmicos vivos da Cabala) na qual perguntava o que ele pensava sobre o envolvimento de Madonna com a tradição esotérica judaica, tendo em vista a (suposta) proibição de mulheres a estudarem. O erudito respondeu:

“A Cabala não proíbe realmente as mulheres de estudá-la, apenas não as encoraja. Assim como outras pessoas, Madonna também estuda a Cabala. Não existe uma “inquisição” que determina “isto é certo ou errado”. Um rabino cabalista talvez dissesse isto é terrível, errado. Eu não me preocupo. Vejo as coisas como elas são, tentando não julgá-las. Também não posso dizer , com certeza, que Madonna seja superficial. Quem sabe ela possa trazer alguma contribuição totalmente original à Cabala, com ângulos novos.”
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O nome judaico que Madonna escolheu, Esther (אסתר), está relacionado a estrela e vale 661 em gematria (e, portanto, 666 quando precedido do artigo definido ה). Talvez tenha alguma relação com a letra da música “American Life”, na qual ela diz não ser judia nem cristã e pergunta:

Do I have to change my name?
Am I gonna be a star?

Pode não ter sido intencional, mas guarda relação semântica e simbólica com o fato dela ter assumido um novo nome que significa “estrela”.

A mudança de nomes com intenção mágica tem papel notadamente importante na tradição judaico-cristã. Acredita-se que em certas circunstâncias a mudança de nome pode alterar um destino funesto ou de possibilidades esgotadas.

Na Cabala o 666 tem um aspecto positivo, solar, talvez em parte por estar associado ao quadrado mágico do Sol.

Já no Cristianismo, predomina o estigma de 666 ser o “número da Besta” mencionado no Apocalipse, fazendo-o usualmente ser correlacionado à rebeldia, à transgressão e ao diabólico.

Curiosamente, no videoclipe de “What it feels like for a girl”, que tem como tema uma mulher revoltada com o mundo dominado por homens, o número 666 aparece de relance quando uma porta é batida.

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Madonna aborda conceitos cabalísticos também no vídeo da música “Die Another Day”, que faz parte da trilha sonora de um filme de 007 e toma emprestado um pouco de sua imagética.

Há duas linhas de ação. Numa o “lado negro” de Madonna combate sua contraparte luminosa, o que lembra um trecho de um livro fundamental da tradição cabalística, o Sêfer Ietsirá:

“'Deus também fez um oposto ao outro'(Eclesiastes 7:14) O bem oposto ao mal, o mal oposto ao bem. O bem vem do bom, o mal vem do mau. O bem define o mal e o mal define o bem. O bem é guardado para os bons e o mal é guardado para os maus.”

A isso a cantora mistura a doutrina do judeu rebelde Sigmund Freud, um dos grandes paladinos do ateísmo no século XX. Eros e Thanatos, pulsão pela vida e pulsão pela morte.

E, na outra linha de ação, exterior, ela é torturada por um bando malfeitores. Aí ela aparece com as letras hebraicas לאו lamed-alef-vau [que podem ser a transliteração da palavra inglesa “love” e também um (ou talvez dois) dos 72 nomes divinos tradicionalmente extraídos de certa passagem de três versículos do Êxodo], pintadas no braço direito. Na simbologia cabalística o braço direito corresponde à sefira Chesed (חסד), a Misericórdia de Deus e cujo nome vale 72.

72 nomes divinos extraídos de Êxodo 14:19-21

Nesse vídeo, Madonna parece tratar do tema tradicional da grande guerra santa (interior) em contraposição à pequena guerra santa (exterior), mostrando que uma se reflete na outra. Como disse Idel, talvez a cantora não seja tão superficial quanto pode parecer à primeira vista.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Duas palavras gregas antigas que perduram disfarçadas nas línguas modernas

Mencionei o Sol (Ήλιος, Hélios) há alguns dias. Notei depois esta curiosidade: escrevendo de trás para frente fica soile, evidentemente relacionado ao Sol latino, que permanece até hoje no português. No francês é ainda mais próximo, um quase anagrama mas com o acréscismo de um L (soleil).

Outra palavra moderna que quase certamente deriva do grego é a inglesa daughter (filha), que é muito semelhante à grega θυγάτηρ, thugáter.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Dois mistérios das letras gregas



No alfabeto grego, a letra theta, Θ, lembra o símbolo astrológico do Sol. E o valor do seu nome é 318, como o de Hélios (Sol).
Já o nome da letra grega eta, Η, vale 309 como o nome de Ares, o deus da guerra.
Então, Θ deve ter algo de solar e Η algo de marcial...

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Sobre o valor e o significado de Melissa (e Débora)

[Este singelo post é dedicado a uma das mais melífluas garotas-propaganda das sandálias Melissa e também a uma menina que foi minha colega no ginásio e no colegial, chamava-se Melissa e era uma das garotas mais bonitas da escola...]

Melissa (Mέλισσα) é um nome grego que significa abelha, símbolo da realeza pelo menos desde o tempo dos sumérios. Tem o valor numérico 486.

Segundo o Wolfram|Alpha, o nome atingiu o pico da popularidade nos EUA lá pelo final dos anos 70.

Na mitologia grega, Zeus criança, escondido no Monte Ida de seu Pai devorador, era alimentado pelo leite da cabra Amaltéia e por mel recolhido por uma ninfa chamada Melissa. Segundo uma tradição, Kronos (Saturno) puniu-a transformando-a num verme, mas Zeus (Júpiter) salvou-a e recompensou-a transformando-a numa abelha-rainha. (Deve haver algum sentido astrológico nessa história, mas não me ocorre o que seja.)

Melissas foram também sacerdotisas de Deméter e Ártemis.

Um nome hebraico que tem o mesmo significado é Débora (Devorah). Está etimologicamente ligado a davar, Verbo, Palavra, e vale 217.

“Pequena é a abelha entre os seres alados: o que produz, entretanto, é o que há de mais doce.” Eclesiástico 11:3

Se um dia eu for pai de gêmeas, acho que vou chamá-las Débora e Melissa.

domingo, 7 de junho de 2009

Mário Ferreira dos Santos sobre o poder mágico dos números

“Observou Pitágoras, estudando a harmonia, que obedecidas certas relações, ela se verificava. Essas relações constituem os chamados “números de ouro”, de um papel importante em todas as artes e em seus períodos superiores.
Dessa forma, é a harmonia o ideal máximo dos pitagóricos, a qual consiste em ajustar os elementos diversos da natureza.
O arithmós é também harmonia.
Verificou ele, ademais, que certas combinações, obedientes a certos números, e em certas circunstâncias, são mais valiosas do que outras.
Dessa forma, os números são também valores, porque nos revelam valores, por possuírem eles, quando realizados, um poder capaz de efetuar algo benéfico ou maléfico.
Como os valores tanto podem ser positivos como negativos, e como, através dos números, realizamos e atualizamos poderes, os números são também mágicos. A palavra magia encerra sempre a idéia de um poder maior que se pode despertar.”
Mário Ferreira dos Santos (1907-1968), Pitágoras e o Tema do Número, p. 113-114

sábado, 30 de maio de 2009

O presente é grande e o futuro está carregado do passado

A filosofia de Leibniz prenuncia a ideia de Universo Holográfico:

“(...)Essas pequenas percepções, devido às suas conseqüências, são por conseguinte mais eficazes do que se pensa. São elas que formam este não sei quê, esses gostos, essas imagens das qualidades dos sentidos, claras no conjunto, porém, confusas nas suas partes individuais, essas impressões que os corpos circunstantes produzem em nós, que envolvem o infinito, esta ligação que cada ser possui com todo o resto do universo. Pode-se até dizer que, em conseqüência dessas pequenas percepções, o presente é grande e o futuro está carregado do passado, que tudo é convergente (sympnoia pánta, como dizia Hipócrates), e que, na mais insignificante das substâncias, olhos penetrantes como os de Deus poderiam ler todo o desenrolar presente e futuro das coisas que compõem o universo.
Quae sint, quae furint, quae mox futura trahantur. 
[Virgílio, Georg., IV.393: “Que são, que foram, e que sobrevirão no futuro”.] (...)”
Gottfried Wilhelm Leibniz, Novos Ensaios sobre o Entendimento Humano, trad. de Luiz João Baraúna, em Os Pensadores, Nova Cultural, 1996, p.27-8

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Algumas palavras gregas relacionadas à beleza


[Este post é dedicado a uma linda, sensível e talentosa princesa que quer ser escritora e só não realizou seu sonho ainda, provavelmente, por preguiça ou injustificada insegurança.]

Como disse antes, parte considerável de quem aqui chega está procurando por palavras gregas. Mais algumas para a coleção então...

Três palavras do grego atual para beleza são kállos, horaioteta e homorphia.

Kállos era a palavra do grego clássico para beleza.

Horaioteta deriva de Hora e está associada à ideia de que a beleza das coisas, das mulheres em especial, aflora num momento certo.

Homorphia está associada à beleza como uma harmonia e proporção das formas.

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A musa da poesia épica era chamada Kalliope, a “de bela voz”.

Kallisto era uma ninfa de Ártemis. Seu nome parece vir de um epíteto da própria Ártemis, Kalliste, “a mais bela”.

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Quando Eris, a deusa da discórdia, não foi convidada para o casamento de Peleus e Thetis, ela enviou uma maçã dourada com a inscrição kallistēi (“para a mais bela”), provocando uma disputa entre Hera, Atena e Afrodite, decidida em favor desta última pelo príncipe de Tróia, Páris, em troca do amor da mais bela mulher, Helena. Só que Helena era mulher de Menelau e o prêmio desejado e alcançado acabou por provocar uma longa guerra e a destruição de Tróia.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Duas grandes qualidades e dois problemas do Wolfram|Alpha


[Nada como uma máquina educada!]

Uma coisa que eu gosto muito no Wolfram|Alpha é a possibilidade de ter respostas visuais para perguntas de comparações.

Por exemplo, colocando uma série de autores da Grécia Antiga, podemos ter rapidamente um gráfico que mostra o período de vida de cada um em relação aos outros:



Eu acho que essa maneira de expor as informações é muito interessante do ponto de vista educacional. Às vezes revela padrões curiosos.

Colocando Buddha, Jesus e Muhammad para serem comparados pelo Wolfram, chama a atenção o fato das distâncias entre o nascimento de Buddha e Jesus e entre o nascimento deste e Muhammad serem muito parecidas.



Outra coisa maravilhosa no Wolfram, e que obviamente é o seu mais importante trunfo, é o seu poder matemático-computacional. Infelizmente isto só pode ser apreciado por pessoas que já tenham uma certa formação. Nele você pode obter respostas para inúmeras perguntas que seriam difíceis ou impossíveis de obter rápida e confiavelmente em outras fontes.

Talvez não seja o caso específico destas três, mas utilizo-as para ilustrar o poder do sistema:


[Um limite cabalístico]


[Resolvendo uma equação complicada que tem como solução os números de Lost]


[Uma sequência interessante e enganadora]


É uma pena que o site aparentemente ainda não dê acesso a dados brutos utilizados em suas computações. Seria bom poder salvar séries de tempo que ele expõe apenas em gráficos, para poder analisá-las de maneira mais pormenorizada e específica.


Uma coisa com a qual os usuários devem ter cuidado é a confiabilidade das informações cuspidas pelo poderoso sistema.
Já notei vários pequenos erros factuais em respostas do Wolfram.


[Machado de Assis, Joaquim Joaquim?]


[Creio que Shakespeare e Cervantes morreram na mesma data #hiddenpatterns]


[Gráfico totalmente maluco de série de taxa de câmbio]

Tenho esperança que com o feedback da comunidade de usuários a quantidade desses erros se torne menor com o tempo. Mas é bom checar todas as informações e não confiar cegamente nessa (e em nenhuma outra) fonte de informação.

sábado, 16 de maio de 2009

Uma das primeiras coisas que procurei no Wolfram|Alpha

Sobre palavras gregas para Amor e Desejo

Notei que algumas pessoas se interessam por palavras gregas.

Mais quatro importantes:

Agapē. Amor altruísta e incondicional. Amor perfeito. Amor dos pais e o amor de Deus pela humanidade. 93

Philia. Amor fraterno, amizade. 551

Eros. Amor relacionado à paixão sexual. 1105

Thelema. Desejo de realizar alguma coisa, querer, vontade. 93

 

Que tipo de amor eu sinto por ela? 

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O conceito de Agapē é abordado na

I Epístola aos Coríntios, Capítulo XIII

“1. Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver Amor, sou como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine.
2. Mesmo que eu tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência; mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver Amor, não sou nada.
3. Ainda que distribuísse todos os meus bens em sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tiver Amor, de nada valeria!
4. O Amor é paciente, o Amor é bondoso. Não tem inveja. O Amor não é orgulhoso. Não é arrogante.
5. Nem escandaloso. Não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor.
6. Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade.
7. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
8. O Amor jamais acabará. As profecias desaparecerão, o dom das línguas cessará, o dom da ciência findará.
9. A nossa ciência é parcial, a nossa profecia é imperfeita.
10. Quando chegar o que é perfeito, o imperfeito desaparecerá.
11. Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Desde que me tornei homem, eliminei as coisas de criança.
12. Hoje vemos como por um espelho, confusamente; mas então veremos face a face. Hoje conheço em parte; mas então conhecerei totalmente, como eu sou conhecido.
13. Por ora subsistem a Fé, a Esperança e o Amor - os três. Porém, o maior deles é o Amor.”

Capítulo treze, treze versículos. Fala sobre o Amor, que em hebraico é ahavá e vale 13.

Não terá significado?

E parece que ahavá tem a mesma sonoridade que agapē. 

9=ENNEA=111=aleph=1

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Nuvens feitas no wordle

Fonte do texto grego usado para fazer a nuvem abaixo: http://el.wikisource.org/wiki/Προς_Κορινθίους_Α'